domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Minha Arte

        Alguns palmos abaixo da terra estavam as raízes, eram várias, um verdadeiro emaranhado. Aquelas raízes pegavam todos os nutrientes necessários pra vida daquela bela árvore, de tronco exuberante e galhos carregados de folhas. Era possível imaginar aqueles nutrientes sendo alimentados pelas raízes e subindo por toda árvore, das raízes, passando pelo tronco e galhos até chegar às folhas, flores e frutos. Harmonicamente, como num adágio sinfônico. Falar de arte é falar da natureza, de como ela provoca o homem e invoca nele profundos momentos de inspiração. Aquela folha seca que se solta e é arrastada pelo vento, vagando no ar em devaneios, enquanto cai lentamente, puxada pela gravidade, até chegar ao chão. Os raios do sol que perpassam os galhos da árvore, onde dançam ritmicamente graças ao vento.

        A arte está ao redor, no que a gente vê e incita nosso interior, provoca nossos sentidos e dá sabor à vida. Está na eloquência e vigor da natureza, no que vemos, ouvimos e sentimos. É a expressão do belo, intencionalmente criada por nossa inteligência e percepção. São as folhas que se soltam no outono. A neblina que se forma no inverno. Aquela criança que corre de longe no parque, entre as flores primaveris, espantando as abelhas que competem pelo néctar. É a vida, o intelecto, um sonho, uma ilusão. Sem prazo ou data de validade, resistirá ao tempo-espaço. Uma obra prima!

domingo, 23 de junho de 2013

A mídia e sua influência na sociedade

         Era uma sexta-feira de junho de 2013, mais precisamente no dia 21 desse mês. Dia da
 Mídia, o dia em que sua inegável força de comunicação é notada e refletida. Podemos refletir sobre o que é cotado como relevante e irrelevante, o que é tendencioso ou não, assim como separarmos os aspectos influenciáveis das informações contidas entre seus diversos meios. Ora, a riqueza da informação pode ser advinda tanto de uma rede social quanto de um impresso, mas é fácil se perder entre revistas, jornais, TVs, rádios, etc. que dão suas versões particulares sobre os acontecimentos noticiados, às vezes uma dando mais, outra dando menos, e aquela cujos seus interesses internos entram em conflito com a notícia e optam por omitir uma verdade “cruel” que a prejudicaria. Recentemente, Ronaldo, conhecido com Ronaldo “Fenômeno” ou “Ronaldinho”, deu uma entrevista em que disse: “Copa se faz com estádios, não com hospital”, que resultou em acaloradas discussões em redes sociais. Um comentário inflamado numa atmosfera combustiva de manifestações, que têm entre suas pautas de protesto os altos gastos com a Copa do Mundo de 2014 no país. Mas um ponto importante – e natural – nisso foi a omissão da Rede Globo sobre o comentário, que se fosse feito por outra pessoa cujos interesses não são conflituosos com o da emissora, divulgariam. Assim como nas ondas de protestos de uníssono brado que aconteciam por todo o país, tinham aqueles indivíduos com “espírito de porco” que vandalizavam, o foco dos jornais da emissora foram exatamente esses atos de vandalismo. Seria intenção da emissora “estancar o sangue” para que o “sangramento” parasse?

         Um recente acontecimento na cidade de Jataí - GO, se tornou polêmico quando manifestantes – seguindo a onda de protestos no país – fizeram um manifesto pelas ruas da cidade, cuja rota foi da Prefeitura ao centro da cidade, na Av. Goiás. E daquele ponto em diante, seguiram em marcha – infelizmente - até a casa do prefeito Humberto Machado. Ao fim do manifesto, soou aos quatro cantos da cidade (respeitando a rosa-dos-ventos), que a casa do prefeito havia sofrido “atos de vandalismo”. Um site de notícia local reportou o seguinte:

 “No final da manifestação uma minoria que não representava a vontade da maioria dos protestantes, extrapolou o seu direito cívico e foi para a porta da casa do prefeito de Jataí  no intuito de atacar a honra do homem público Humberto Machado, atirando na casa do prefeito algumas pedras.”

         É válido ressaltar que não foram poucos manifestantes, há fotos e testemunhas que os viram passando na Av. Rio Verde seguindo até a casa do prefeito. O direito cívico não é excludente e não deve beneficiar uma categoria de pessoa mais que a outra, deve ser igualitário. Protesto é um direito cívico, vandalismo não. Infelizmente, não houve retratação por parte do autor da notícia no que diz respeito à intenção por parte desses manifestantes de atacar “a honra” de Humberto Machado e por “apedrejar” (tacar algumas pedras, o uso é sempre no plural) em sua residência (mesmo que o próprio site só exiba foto duma única – e grande – pedra). Depois de toda mídia local ter inflamado essa notícia – inicialmente postada no site Plantão de Polícia JTI -, o autor de ter tacado a pedra foi encontrado (e certamente hoje está preso num presídio de segurança máxima e separado de outros presos por receio de retaliação) e não fazia parte da manifestação.

           A todo momento, você é influenciado pela mídia à comprar aquele lindo par de tênis, aquela cerveja importada, aquele produto para emagrecimento, aquela revista masculina. A mídia é de fundamental importância no mundo, ela pode nos informar e ditar nosso comportamento social e pessoal. Uma nação não pode ser escrava de um veículo de mídia. Uma nação não se deixar influenciar e demonstrar – com isso – falta de sobriedade intelectual. Precisamos estar aptos a analisar, dar o benefício da dúvida e não apresentarmo-nos como marionetes de um estado fortemente capitalista, persuasivo e influenciador das vontades/desejos da massa. Parabéns ao poder midiático.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Lembranças e Devaneios

Ele estava perdido ao olhar aquela folha de papel enquanto se sentava em frente à escrivaninha. As coisas que ele vivenciou ainda estavam frescas em sua cabeça, mas mesmo com o lápis na mão, faltava-lhe concentração para colocar tudo em ordem naquela carta. Mesmo com a tênue luz da escrivaninha, ainda conseguia ver um pouco do seu pálido reflexo no espelho do banheiro ao olhar pro lado. Tantas coisas aconteceram. Tantos anos se passaram. Não se continha com seu reflexo e balançava a cabeça em claro sinal de negação e arrependimento pelas atitudes que não foram tomadas e pelas palavras que jamais saíram de sua boca quando ele achou que fosse necessário. Quantas vezes ele desejou que fosse um sonho, daqueles ruins, que a gente quer esquecer assim que acorda assustado e com o coração querendo sair do peito. Mas tanto tempo se passara. E apesar de todos esses anos e a distância, o que restava em sua cabeça eram as memórias dos momentos mais importantes que foram vividos, mesmo que aquele rosto angelical já não esteja mais definido em sua mente e era tão branco quanto aquele papel que olhava, os sentimentos fortes que ainda sentia tornavam a pessoa por inteira tão linda quanto uma aurora boreal. Ele percebia seu próprio sorriso naquele momento, como se essas lembranças agitassem seu interior, dando-lhe energia e fôlego de espírito. Precisava pôr tudo no papel. Precisava aproveitar essa oportunidade – depois de anos sem saber onde aquela pessoa adorável estava, o que fazia da vida, que rumos tomara. Era uma noite fria de sábado e sob aquela gélida e suave brisa que entrava pela janela, começava a escrever suas primeiras palavras.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sonho Inoportuno

Viajar por essas letras é como mergulhar no vácuo do espaço,
É como cair num profundo sono e sonhar que estou num labirinto
E acreditar em vão que vou me livrar dos meus pecados mais infames.
Esta prisão sem grades, esse sonho que mais parece um pesadelo.

Não posso acreditar em verdades ou mentiras estando desse jeito,
Não posso pensar que vou mudar algo no tempo, não tenho poder algum.
Não há nada para fazer. Não há nada para me fazer acordar.
Estou perdido neste labirinto, nesse vácuo escuro.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Ah, horizonte...

Olhar distante no horizonte durante uma tarde que se põe no escuro misterioso da noite, é tão feliz e triste ao mesmo tempo. Momento que me trás lembranças de um passado cheio de percalços, conquistas e derrotas. É o fim do meu viver, vivi e sobrevivi o necessário para pegar como experiência as coisas que a vida soube me dar em demasia. Sei o quanto apreciei aqueles momentos com os amigos na escola, o quanto chorei quando fazia algo errado e era castigado por isso, o quanto sorri no silêncio imaginando o sorriso daquela garota especial, nossos momentos e beijos. Sei que tudo que se foi não some assim, após uma morte, têm que ficar no ar, no tempo, nesse universo complexo onde a gente só sabe se algo acaba ou não, após o “fim” chegar. Então este não é um adeus, apenas uma mensagem de Até Logo, carregada de contentamento e paixão luxuriante por nesses 92 anos ter vivido uma vida invejável o quanto foi possível ser vivida. Assim, neste fim, sei o quanto aquele crepúsculo no horizonte é tão carregado de significado. Aquela imagem. Aquele ar ecoando pelas folhas das árvores, os pássaros, esta brisa no meu rosto... É tudo tão sonoro, pacífico e cheio de contentamento, tudo é uma obra de música clássica. Tudo instrumentado. Orquestrado. Apaixonante.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sonho Inconveniente

O vendedor poderia colocar tudo a perder se dissesse "não" ao bandido, mas era experiente o suficiente pra tomar a decisão certa. É a terceira vez no mês que o seu mercado é assaltado, tão rotineiro, comum, que às vezes pensa até em preparar um cafezinho quente e algumas torradas para receber os bandidos, que inevitavelmente aparecem. Após tirar toda quantia exigida pelos encapuzados (sim, a bandidagem também tem sua logística), lhes entregou calmamente, torcendo para que apareça algum policial na porta. Ora, a polícia estava ocupada demais fumando na delegacia enquanto assistia ao jogo de Flamengo versus Corinthians. A lei era feita pelo bom senso das pessoas de não reagir, porque se tentar fazer algo ou sequer dizer alguma coisa depois às autoridades, os mandachuvas das gangues dão um jeito de calar a boca da pessoa depois de fazê-lo. E isso implica em contas com funerária, e muita terra cobrindo quem foi o imbecil.
Vila Alegre é o setor mais violento de Libernópolis, cidade do interior de Goiás. O prefeito de Libernópolis vive da politicagem fajuta, caixa dois com muito desvio de verba pública, que seria destinada a construções de espaços para lazer e educação. Conservador, extremista, tem costume de sair na cidade com uma Toyota Hilux e um grande chapéu branco na cabeça, acompanhado de seus assessores, alguns vereadores bajuladores e muita, muita falta de vergonha na cara. Assim é Libernópolis, uma cidade que nem sabe o sentido da palavra especial, um espelho que reflete o que muitos veem noutros lugares. Um lugar que, as pessoas vivem dia após dia para conseguirem se alimentar, e só. Um lugar que, como qualquer outro, deseja que aquele sol no final de semana seja contemplado com a mesma tranquilidade e conforto que alguém de classe superior. Sou libernopolino, nossa sociedade é divida por castas (ou hierarquia), e cada casta contempla de sua forma o mundo, e todas elas têm medo de onde isso tudo vai parar. Vamos todos pro inferno...