quarta-feira, 5 de junho de 2013

Lembranças e Devaneios

Ele estava perdido ao olhar aquela folha de papel enquanto se sentava em frente à escrivaninha. As coisas que ele vivenciou ainda estavam frescas em sua cabeça, mas mesmo com o lápis na mão, faltava-lhe concentração para colocar tudo em ordem naquela carta. Mesmo com a tênue luz da escrivaninha, ainda conseguia ver um pouco do seu pálido reflexo no espelho do banheiro ao olhar pro lado. Tantas coisas aconteceram. Tantos anos se passaram. Não se continha com seu reflexo e balançava a cabeça em claro sinal de negação e arrependimento pelas atitudes que não foram tomadas e pelas palavras que jamais saíram de sua boca quando ele achou que fosse necessário. Quantas vezes ele desejou que fosse um sonho, daqueles ruins, que a gente quer esquecer assim que acorda assustado e com o coração querendo sair do peito. Mas tanto tempo se passara. E apesar de todos esses anos e a distância, o que restava em sua cabeça eram as memórias dos momentos mais importantes que foram vividos, mesmo que aquele rosto angelical já não esteja mais definido em sua mente e era tão branco quanto aquele papel que olhava, os sentimentos fortes que ainda sentia tornavam a pessoa por inteira tão linda quanto uma aurora boreal. Ele percebia seu próprio sorriso naquele momento, como se essas lembranças agitassem seu interior, dando-lhe energia e fôlego de espírito. Precisava pôr tudo no papel. Precisava aproveitar essa oportunidade – depois de anos sem saber onde aquela pessoa adorável estava, o que fazia da vida, que rumos tomara. Era uma noite fria de sábado e sob aquela gélida e suave brisa que entrava pela janela, começava a escrever suas primeiras palavras.

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